sexta-feira, 19 de julho de 2013

Belém (PA) - Áreas verdes no bairro do Jurunas, Condor e Guamá.

Luiz Henrique Almeida Gusmão
Graduando em Geografia pela Universidade Federal do Pará
Instrutor/Monitor dos softwares: ArcGis, QGIS e  Google Earth
Mapas, Palestras e COnsultoria em Geoprocessamento e Cartografia (91) 98306-5306



1. INTRODUÇÃO

A partir dessa primeira postagem, será mostrada a situação das áreas verdes nos bairros da Primeira Légua Patrimonial de Belém, com base em imagens de satélite de 2010 do Google Earth. No primeiro, será apresentada a situação dos bairros do Jurunas, Guamá e Condor de acordo com a vetorização de áreas verdes nos bairros, como praças, parques, jardins, estádios de futebol, arborização no centro de vias, de complexos turísticos com áreas verdes, áreas de recreação com áreas verdes, quintais de casas com áreas verdes significativas. O propósito será uma amostra da situação aparente do bairro, com o intuito de avaliar a qualidade de vida em geral dos residentes.

Palavras-chave: Áreas verdes. Prefeitura de Belém. Jurunas. Condor. Guamá.


2. MATERIAIS E MÉTODOS

Será apresentado imagens de satélite do Google Earth do bairro do Jurunas, Condor e Guamá com base na fundamentação teórica de CAVALHEIRO (1992); DEL PICCHIA (1992); LIMA (1994) e MOREIRO (2007).


3. DESENVOLVIMENTO

Para Geiser et al. (1975, p. 30) (apud CAVALHEIRO; DEL PICCHIA, 1992), as áreas verdes são "[...] áreas com vegetação fazendo parte dos equipamentos urbanos como parques, jardins, cemitários existentes, áreas de "pequenos jardins", alamedas, bosques, praças de esportes, "playgrounds", "plays-lots", "balneários", "camping" e margens de rios e lagos"
Contrários a esta ideia, Moreiro et al (2007, p.20) entende que:
                   [...] as áreas verdes engloba locais onde predominam a vegetação arbórea, praças, jardins e parques, e sua distribuição deve servir a toda população, sem privilegiar qualquer classe social e atingir as necessidades com sua estrutura e formação, como idade, educação, nível sócio-econômico.


Lima et al (1994) considera que é necessário um esforço para que os termos utilizados para a classificação da vegetação urbana sejam discutidos de forma convergente. Para eles, espaço livre é um termo mais abrangente que áreas verdes.

Nesse sentido, admitimos como áreas verdes, locais como praças, parques e jardins urbanos, complexos turísticos com vegetação arbórea significativa, gramados de estádios, vias com vegetação arbórea significativa no centro, no qual podem de alguma forma amenizar a temperatura local, proporcionar sombreamento, recreação e lazer, de forma a discutir a situação dos bairros da cidade. 

Abaixo será apresentado a situação das áreas verdes e áreas livres dos bairros listados:


Figura 1. Áreas verdes no bairro do Jurunas.
Fonte: Editado no Google Earth por GUSMÃO, L.H (2013)


O bairro do Jurunas, segundo o Anuário Estatístico de Belém (PREFEITURA DE BELÉM, 2010), tem 62.740 habitantes e 265,85 hab/ha, configurando-o como populoso e com alta densidade demográfica, no qual uma parcela significativa de sua população é de classe baixa. 

Na imagem acima, percebemos a existência da Praça Amazonas (noroeste) e poucas vias arborizadas, especialmente no Noroeste do bairro, já na proximidade com o bairro da Batista Campos.  Os locais com menos áreas verdes são aqueles ao longo da Bernardo Sayão e na fronteira com o bairro do Condor.

Há muitas áreas verdes privadas (quintais de casas) e poucas públicas (praça Veiga Cabral e praça Amazonas), ou seja, há pouca áreas verdes. Como a área da praça Amazonas é insuficiente para a demanda do bairro, muitos jurunenses vão em direção a Praça Batista Campos e a Praça da República, em bairros próximos, mas que exige a condução por linhas de ônibus, táxis e automóveis.


Figura 2. Áreas verdes no bairro do Condor
Fonte: Editado no Google Earth por GUSMÃO, L. H (2013)


O bairro do Condor, segundo o AEB (PREFEITURA DE BELÉM, 2010) tem cerca de 42.038 habitantes e 245,84 hab/ha, também sendo um bairro populoso com alta densidade demográfica, com predominância de moradores de classe baixa. 

A imagem acima, nos dá uma dimensão do bairro, no qual há apenas uma praça pequena e com pouca vegetação, a Praça Princesa Isabel ao sul, além da existência de muitas áreas verdes privadas. No bairro há poucas casas com quintais e quando há, a maioria das residências localiza-se em ruas principais.

A maioria dos moradores se direcionam com frequência para bairros com maior oferta de praças e áreas verdes como Batista Campos e Campina, por causa da quase inexistência de espaços públicos verdes.


Figura 3. Áreas verdes no bairro do Guamá
Fonte: Editado no Google Earth por GUSMÃO, L. H (2013)

O bairro do Guamá é o mais populoso de Belém e também um dos mais pobres da cidade, com diversos problemas socioambientais, tais como carência de saneamento básico, segurança pública, entre outros, assim como de áreas verdes. Segundo a AEB (PREFEITURA DE BELÉM, 2010), moram 102.124 pessoas, nas quais uma parcela significativa é de classe baixa. 

A imagem acima nos revela uma situação extremamente preocupante, pois há apenas a Praça Benedito Nunes, sendo muito pequena e com baixíssima área verde em sua volta. Outros espaços são de instituições privadas e públicas, como a do Hospital Barros Barreto, assim como de quintais particulares, ou seja, para uma população de mais de 100.000 habitantes, os espaços de recreação e lazer com áreas verdes é quase nula.

As demais áreas verdes que se destacam no Guamá estão dentro do Cemitério Santa Izabel, sendo portanto, inacessível a toda a população. As áreas mais carentes estão no nordeste e sul do Guamá, próximo ao bairro da Terra Firme e do Campus da UFPA.


2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O bairro do Jurunas, Condor e Guamá são populosos, no qual juntos têm aproximadamente 206.902 habitantes (AEB, 2010), com elevada densidade demográfica, no qual grande parte de sua população é de classe baixa, estando disponíveis aos mesmos, minúsculos espaços de recreação e lazer, ocasionando deslocamento para bairros mais bem estruturados e com áreas verdes. O contingente populacional nos bairros exige maiores investimentos por parte da Prefeitura de Belém em áreas livres e verdes, contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida dessa população. Peço para a atual gestão de Belém, a construção de uma praça maior no bairro do Jurunas e do Guamá, a melhoria e ampliação da Pça. Princesa Isabel no Condor e uma arborização compatível com a realidade das vias desses bairros.


3. REFERÊNCIAS

CAVALHEIRO, F.; DEL PICCHIA, P. C. D. Áreas verdes: conceitos, objetivos e diretrizes para o planejamento. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 4. 1992, Vitória . ES. Anais... v. 1. Vitória, 1992. p. 29 . 38.

MOREIRO, A.M.; SANTOS, R.F.; FIDALGO, E.C.C. Planejamento ambiental de áreas verdes: estudo de caso de Campinas-SP. Revista do Instituto Florestal, v. 19, n. 1, p. 19-30, jun. 2007.

NUCCI, J.C. Qualidade ambiental e adensamento urbano. São Paulo, SP: Humanitas, 2001.











quinta-feira, 4 de julho de 2013

Cartografia da Leptospirose entre 2007 a 2009 em Belém/PA




Luiz Henrique Almeida Gusmão
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
Mapas em Geral, Treinamentos,
Banco de dados, SHPs e Kmls
Contato: [55] (91) 98306-5306 (WhatsApp)
Emails: henrique.ufpa@hotmail.com
gusmao.geotecnologias@gmail.com


1. INTRODUÇÃO


A cidade de Belém (PA) localiza-se às margens da Baía de Guajará e Rio Guamá, no estuário do Rio Pará, exatamente a 1 grau de 28' (S) de latitude e 48 graus e 29' (W), com uma altitude média de 5 m acima do nível do mar. Possui um clima quente e úmido, onde o índice pluviométrico fica entre 2.300 mm a 3.000 mm/ano e a umidade do ar alcança quase 90%, contribuindo para a alta incidência de pluviosidade, principalmente entre os meses de dezembro a junho. Em decorrência das condições climáticas propícias, do baixo investimento e eficácia em saneamento básico, da incompetência da Prefeitura em sanar problemas relacionados a ocupação desordenada e de poucos investimentos na área da educação e saúde para a população mais carente, ocorre frequentemente casos de Leptospirose em nossa cidade, atingindo principalmente a população residente em áreas alagáveis, sem a conclusão e ampliação efetiva de projetos de drenagem e de terraplenagem, suscitando na frequência desse mal.


2. MATERIAIS E MÉTODOS

Nessa postagem serão produzidos dois mapas temáticos com base no trabalho de conclusão de curso em Biomedicina intitulado: Leptospirose, um estudo epidemológico e aplicação de medidas preventivas em uma região do município de Belém (PA) de Renan Chaves de Lima defendido em 2009 na Universidade Federal do Pará. Com o auxílio do software francês de Cartografia Temática: Philcarto disponível em http://philcarto.free.fr/. O uso desse software foi utilizado para produzir os seguintes mapas: Espacialização dos casos de leptospirose entre 2007 a 2009 e a Incidência de leptospirose entre 2007 e 2009 para respaldar os comentários.


3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Conceituação e causas da leptospirose


A leptospirose (In OMS, 1998), é uma antropozoonose causada por bactérias do gênero Leptospira. A doença ocorre amplamente em países em desenvolvimento como Brasil e Índia, onde constitui um problema sanitário de grande importância, não somente pela gravidade de sua patogenia, mas também como elemento potencial de contágio ao ser humano (ACHA & SZYFRES, 1986; WHO, 2003). É causada pela bactéria Leptospira eliminada principalmente na urina de roedores, permanece em coleções de água a espera da pessoa que nela adentre. Assim, as pessoas podem contaminar-se não apenas ao entrar em áreas urbanas alagadas pela chuva, como também em coleções de águas rurais em lagoas, represas e riachos, no qual a bactérica invade por pequenas lesões de pele ou pelas mucosas.



 Figura 1. Como se contrai e preveni a Leptospirose
Fonte: www.lookfordiagnosis.com

3.2 Leptospirose em Belém

Em Belém, a contração dessa doença ocorre principalmente através do contato com água contaminada pela urina de ratos nas redondezas das casas sem saneamento básico ou em locais onde os alagamentos são constantes, as chamadas "baixadas", sendo frequente nos bairros com essas características, conforme o (MAPA 01).

Mapa 1. Belém - Incidência e frequência de Leptospirose nos bairros entre 2007-2009



 * Não autorizo a utilização, modificação ou divulgação do mapa temático, antes da comunicação prévia com o elaborador Luiz Henrique Almeida Gusmão.
Fonte: GUSMÃO, L. H (2013)


Conforme o mapa 01, é possível afirmar que os bairros com maior frequência de casos de leptospirose entre 2007 a 2009 eram Terra Firme (18), Guamá (17), Jurunas (12), Cabanagem e Pedreira (11), onde a incidência foi considerada alta, estando destacados em vermelho. São bairros muito populosos que convivem com constantes alagamentos, péssimos sistemas de saneamento básico, obstrução constante dos canais por resíduos sólidos e dos esgotos a céu aberto. São bairros da periferia de Belém, onde uma parcela significativa dessa população, vive em moradias precárias e com baixos rendimentos.

Os bairros com incidência média (5 -l 8 casos), estão distribuídos de forma irregular pelo espaço, visto nos bairros: Cremação, Telégrafo, Sacramenta, Marambaia, Marco, Bengui, Parque Verde e Tapanã. São bairros da periferia iguais aos primeiros, com exceção do Marco, onde a situação de alagamento, precário sistema de saneamento básico e acúmulo de resíduos sólidos nas ruas também é comum em algumas partes dos mesmos.

Os bairros com baixa incidência (1  -l  4 casos), estão principalmente no Norte de Belém (Distrito de Icoaraci) e mal distribuídos no restante do espaço. Aparece até mesmo em alguns bairros nobres como Batista Campos, Campina e São Brás, com apenas 1 caso em cada.

A ausência da leptospirose nesse ano foi percebida nos bairros mais estruturados de Belém, no centro da cidade (Sudoeste), visto na Cidade Velha, Nazaré, Reduto e Umarizal, em consequência da localização em terrenos mais altos, menos sujeitos aos alagamentos e com rede de saneamento básico adequado. Porém, alguns bairros periféricos, apesar de desprovidos ou carentes redes de saneamento, também não registraram nenhum caso nesse período, destacando a porção Sudoeste e Oeste de Belém.


Algumas cenas nos bairros com grandes registros da doença são comuns, como o despejo indiscriminado de resíduos sólidos e líquidos nas ruas, canais e "valas", conforme a (FIGURA 01 e FIGURA 02):

Figura 2. Área propícia a proliferação da Leptospirose na Av. Fernando Guilhon (Jurunas)
Fonte: Panoramio

Figura 3. Área propícia a proliferação da Leptospirose no Canal do Tucunduba (Guamá)
Fonte: Panoramio

As péssimas condições de saneamento básico tem acelerado a disseminação e contágio pelas larvas leptospira, atingindo principalmente os mais pobres, por residirem nos bairros ou nas ruas carentes desse serviço público. Muitas vezes, essas pessoas não têm voz nos principais meios de comunicação dessa cidade. Outra insatisfação é que essa doença não é imprevisível, portanto a Prefeitura de Belém tem conhecimento sobre essa realidade e que uma população considerável de Belém, a mais pobre, tem altas chances  de contrair a Leptospirose, restando combater nos pontos mais críticos, conforme o (MAPA 02):


Mapa 2. Belém/PA - Nível de prioridade no combate a leptospirose


* Não autorizo a utilização, modificação ou divulgação do mapa temático, antes da comunicação prévia com o elaborador Luiz Henrique Almeida Gusmão.
Fonte: GUSMÃO, L. H (2013)



O mapa 02 nos mostra o nível de prioridade no combate a leptospirose em razão da frequência dos casos dessa doença. Percebe-se que a maioria das áreas prioritárias está no entorno do centro da cidade (Sudoeste) e as outras duas estão no norte. Em relação as áreas, destacam-se:

Área 1: Corresponde ao bairro do Guamá, Terra Firme, parte de Canudos e Universitário, com nível de prioridade MÁXIMA, por apresentar os maiores casos registrados da doença e portanto, estando mais vulneráveis. É notável que essa área é densamente povoada, principalmente por pessoas com baixo poder aquisitivo que convivem com precariedade de saneamento básico.

Área 2: Corresponde ao bairro da Pedreira, Sacramenta, Telégrafo e parte do Barreiro, com nível de prioridade MEDIANA, por ter sido registrado muitos casos de leptospirose, estando relativamente vulnerável. 

Área 3: Corresponde ao bairro do Jurunas, por apresentar sozinho muitos casos da doença, com nível de prioridade MÁXIMA, por ser muito populoso.

Área 4: Corresponde ao bairro da Cabanagem, Parque Verde, parte do Una e do Mangueirão, apresentando muitos casos de leptospirose, com nível de prioridade MEDIANA.

Área 5: Corresponde ao bairro do Tapanã, por apresentar razoáveis casos confirmados, com nível de prioridade MEDIANA.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os mapas nos revelam a situação da Leptospirose em Belém, no qual os bairros mais populosos e pobres da cidade estão mais sujeitos a doença como Guamá, Jurunas, Terra Firme, Cabanagem e Pedreira, onde a incidência é alta, evidenciando aonde a Prefeitura de Belém deve atuar mais rapidamente, no sentido de atenuar esses casos, através do aceleramento e da efetivação dos projetos de saneamento básico. É evidente que os bairros de classe média e alta da cidade quase não existe caso de Leptospirose, resultado de políticas públicas mais efetivas nos mesmos. Clamo para a atual gestão da cidade de Belém, um compromisso sério e justo na democratização do abastecimento de água potável, o manejo de resíduos sólidos, controle de agentes e pragas patogênicos, na coleta e tratamento de esgoto e limpeza urbana, principalmente daqueles mais necessitados que muitas vezes, não têm os seus direitos de cidadão contemplados, mas que são procurados na época de eleição.




5. REFERÊNCIAS

ACHA, P.N & SZYFRES, B. Leptospirosis - Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hmbre y a los animales. Organizacion Panamericana de la Salud. Washington, 1986.


Lima, C. Renan. Leptospirose, um estudo epidemológico e aplicação de medidas preventivas em uma região do município de Belém (PA). (Trabalho de Conclusão de curso em Biomedicina). UFPA. 2009.



http://www.panoramio.com. (Acesso em 03/07/2013)

Software Philcarto. Disponível em http: philcarto.free.fr.