segunda-feira, 13 de junho de 2022

Quais os estados mais desmatados da Amazônia Legal?



Luiz Henrique Almeida Gusmão
Msc. Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano (UNAMA)
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
Mapas em Geral, Treinamentos,
Banco de dados, SHPs e Kmls
Contato: [55] (91) 98306-5306 (WhatsApp)
Email: luizgusmao.geo@gmail.com



#Quais os estados mais desmatados da Amazônia Legal?

A Amazônia Legal é constituída pela totalidade de 8 estados (Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, Tocantins) e uma parte do estado do Maranhão (44° de longitude oeste). Nessa região vivem aproximadamente 23 milhões de pessoas e sua extensão territorial é de 5,2 milhões de km².

A partir dos dados de Messias et al., (2021) compilados do TerraBrasilis (2020), a plataforma de dados geográficos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi criado uma animação com o percentual da floresta amazônica desmatada por estado até o ano de 2021:


Animação 1. Amazônia Legal - percentual de desmatamento por UF (2020)

Elaborador: Msc. Luiz Henrique Gusmão (2022). Fonte: Messias et al., (2021). Amostra de Trabalho


A animação revela, por ordem, os estados mais desmatados da Amazônia Legal. Em 1° lugar vem o Tocantins com 76,3% das suas florestadas eliminadas. Em seguida vem: Maranhão (76,1%), Rondônia (44,9%), Mato Grosso (42,2%) e Pará (24,5%).

No outro extremo, os estados menos desmatados foram: Amapá (2,8%), Amazonas (2,9%), Roraima (7,2%) e Acre (14,5%). Ou seja, é possível encontrar diferentes realidades de desmatamento na Amazônia quando nos referimos aos estados.

Os estados do Tocantins e do Maranhão são aqueles onde a situação é mais crítica com quase 4/5 das florestas derrubadas. Em Rondônia e no Mato Grosso, a condição é preocupante, onde a perda é de quase 50% das florestas. No Pará, a perda já alcançou 1/4 das florestas. No restante dos estados está mais tranquilo, porém merece atenção, principalmente no sul do Amazonas.

Os dados de desmatamento acumulado são relevantes para as políticas públicas, porém as taxas de desmatamento divulgadas mensalmente pelo INPE nos dizem a oscilação ao longo dos meses e dos anos. É a partir dessas últimas que nós vemos a tendência de acréscimo, decréscimo e estabilidade da perda florestal pela ação humana na região.

Por fim, os trabalhos a partir dos projetos (PRODES e DETER) são indispensáveis para o monitoramento do desmatamento na Amazônia cujos dados estão disponíveis na plataforma do TerraBrasilis. 


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Ananindeua/PA: expansão urbana e desmatamento


Luiz Henrique Almeida Gusmão
Msc. Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano (UNAMA)
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
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Banco de dados, SHPs e Kmls
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#Ananindeua/PA: expansão urbana e desmatamento

O município de Ananindeua, localizado no estado do Pará, pertence a Região Metropolitana de Belém e é o segundo mais populoso com 540 mil habitantes. Está ao lado da capital paraense e nos últimos 35 anos teve expressivo aumento da sua população com consequente desmatamento.

A partir dos dados do Mapbiomas, conseguimos visualizar as mudanças ocorridas entre o ano de 1985 e de 2020 através de mapas.


Animação 1. Ananindeua: Uso e cobertura do solo em 1985 e 2020

Fonte: Mapbiomas (1985, 2020). Elaborador: autor (2022). Amostra de Trabalho


Os mapas mostram que as regiões sudeste, nordeste, norte e noroeste foram aquelas com maior expansão urbana e desmatamento. No Sudeste, bairros como Aurá, Júlia Seffer, Águas Brancas e Águas Lindas tiveram imensa perda florestal por causa das áreas residenciais. No Nordeste, o crescimento urbano foi mais forte em vários bairros: Distrito Industrial, Heliolândia, Geraldo Palmeira, Centro de Ananindeua e Maguari.

No Norte, bairros como Curuçambá e Paar cresceram bastante, mas não chegaram até o Furo do Maguari. No Noroeste, o crescimento ocorreu mais por Icuí, Jibóia Branca e 40 Horas. É importante frisar o desmatamento em outras áreas também como em Jaderlândia e Guajará, bairros periféricos da cidade.

Ou seja, a maioria do desmatamento e da conversão de pastos para áreas urbanas ocorreu na periferia de Ananindeua. Essas novas áreas habitacionais cresceram de forma espotânea, sem planejamento adequado, principalmente por populações de baixa renda. 

Os mapas também evidenciam ocupação anterior a 1985, especialmente na Cidade Nova (região central), Coqueiro, parte de Levilândia, da Guanabara, do Centro de Ananindeua e de forma dispersa em outros bairros.

Mudanças radicais no extremo norte e sul de Ananindeua quase não ocorreram; apenas dinâmicas rurais com baixíssimas taxas de desmatamento. As ilhas também permanecem bastante preservadas. Em 1985, as florestas cobriam 59,6% de Ananindeua e passaram para 51% em 2020. A área urbana por sua vez pulou de 23,5% para 35,2% do território (Mapbiomas, 1985; 2020). 



domingo, 5 de junho de 2022

Perda de Florestas em Mosqueiro - Belém/PA


Luiz Henrique Almeida Gusmão
Msc. Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano (UNAMA)
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
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Banco de dados, SHPs e Kmls
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Email: luizgusmao.geo@gmail.com



#Perda de Florestas em Mosqueiro - Belém/PA

No Norte de Belém/PA está localizada a maior ilha do município: Mosqueiro. Com área aproximada de 240 km² e população de quase 40 mil habitantes, a ilha é um importante destino turístico, banhada pela baía de Santo Antônio e com 17 km de praias fluviais. 

É um local com abundância de casas de praias e infraestrutura para receber milhares de turistas e visitantes. Há dezenas de restaurantes, bares, hóteis e demais estabelecimentos que facilitam a permanência na ilha.

Contudo, desde a construção da rodovia PA-391 na década de 1960, que permite a ligação da ilha com a Região Metropolitana de Belém, é notável o avanço do desmatamento na ilha.

A partir de mapas elaborados com dos dados do mapbiomas, conseguimos visualizar as diferenças ao longo do tempo.


Animação 1: Ilha de Mosqueiro - uso e cobertura do solo em 1985 e 2020

Fonte: Mapbiomas (1985, 2020). Elaborador: Msc. Luiz Henrique Gusmão


A animação acima revela a expansão da área urbanizada na ilha entre 1985 e 2020. O crescimento foi maior ao longo da costa fluvial e na porção norte. Vários bairros cresceram em 35 anos como Murubira, Ariramba, Bonfim e Carananduba no Centro-Sul. No Centro-Norte da ilha, a expansão foi maior em Caruara, Paraíso e Baía do Sol.

O crescimento populacional veio acompanhado de desmatamento, principalmente próximo as áreas já ocupadas em 1985. Pastos abandonados também foram convertidos em áreas urbanas. Nos bairros de ocupação mais antiga como Vila, Praia Grande e Farol (Sudoeste da ilha), a expansão urbana persiste, mas em menor velocidade.

No Centro da ilha, o desmatamento se deu por causa das pastagens. Em menor proporção, a perda de florestas ocorreu por áreas agrícolas familiares. 

A rodovia PA-391 é o principal vetor do desmatamento na ilha. Hoje, a ocupação por novos moradores e a destruição das florestas por pequenos e médios fazendeiros continua em curso. 

Uma das formas de minimizar a pressão sobre as florestas é a criação de unidades de proteção integral no centro da ilha. Nas áreas já ocupadas, a expansão de parques urbanos seria uma medida essencial para manter as florestas, pois contribuiria para a regulação térmica da ilha e a sobrevivência de espécies. Ruas com canteiros centrais arborizados também contribuiriam para amenizar as altas temperaturas e tornaria o microclima mais agradável.

Com as florestas em pé, Mosqueiro também manteria os diversos benefícios ecossistêmicos proporcionados por elas como: captação de carbono, regulação da qualidade do ar, entre outros. Enfim, o crescimento urbano e o desenvolvimento de novas atividades produtivas na ilha devem ocorrer nos lugares já desmatados, sem a necessidade de novas áreas. A recuperação das matas proporcionaria ganhos ambientais inquestionáveis a todos.