sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Mapeando Locais de Roubo em Belém usando o Google Earth.




Luiz Henrique Almeida Gusmão
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
Mapas em Geral, Treinamentos,
Banco de dados, SHPs e Kmls
Contato: [55] (91) 98306-5306 (WhatsApp)
Emails: henrique.ufpa@hotmail.com
gusmao.geotecnologias@gmail.com


De acordo com Código Penal Brasileiro, o art.157 sobre roubo, é definido como: "O ato de subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outro, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou não, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzindo à impossibilidade de resistência". 

Nas metrópoles, é um dos crimes mais comuns que acontecem, com o auxílio de armas brancas (facas, canivetes, etc) ou de fogo (revólveres e em casos raros, as metralhadoras e as pistolas), sendo mais comuns as armas de fogo. 

Em Belém, as maiores vítimas são os pedestres e os objetos que são levados mais constantemente são celulares e cordões (Polícia Militar, 2013), portanto, é preciso ter muita atenção quando caminhar em algumas ruas.


Segundo dados da Polícia Militar (2010), as ocorrências de roubo vêm reduzindo em Belém, porém continuam elevadas e a sensação de insegurança prevalece em diversas partes da cidade, onde em alguns bairros os casos de roubo são comuns. 


#Pontos com maiores casos de roubo em Belém 2010 

Segundo o jornal O Diário do Pará, com base nos dados disponíveis pela Polícia Militar em 2010, as ruas mais perigosas da cidade são, em ordem:

Primeiro Lugar: Av. Augusto Montenegro (Complexo do Entroncamento no limite entre Belém e Ananindeua)
Segundo Lugar: Av. Almirante Barroso (Bairro de São Brás)
Terceiro Lugar: Av. Pedro Álvares Cabral (Bairro da Sacramenta)
Quarto Lugar: Av. Bernado Sayão (Bairro do Jurunas)
Quinto Lugar: Av. Perimetral (Bairro da Terra Firme)

Com base nessas informações, foi espacializado tais pontos no Google Earth como forma de visualização por imagens de satélite na tentativa de alertar e de redobrar a atenção dos moradores da cidade e dos turistas que vem para a cidade.



Figura 01. Complexo do Entroncamento eem Belém
Fonte: Google Earth


No Complexo do Entroncamento no limite entre Belém e Ananindeua foram 710 roubos (Polícia Militar, 2010). Acreditamos que a circulação constante de pedestres e de automóveis na saída de Belém seja o principal motivo de atração de meliantes, assim como a reduzida iluminação pública nos arredores dessas vias e da imensa quantidade de becos e passagens estreitas nessa área contribuem para a fácil fuga dos assaltantes.


Figura 02. Av. Almirante Barroso (São Brás)
Fonte: Google Earth


Na Av. Almirante Barroso no bairro de São Brás foram 604 roubos (Polícia Militar, 2010). Novamente a intensa circulação de pedestres e de veículos também atraem muitos meliantes, somado a área de comércio existente na Av. Cipriano Santos e Av. Almirante Barroso. Nos arredores do Terminal Rodoviário de Belém e da Praça da Leitura também devemos ter uma atenção redobrada quando estivermos circulando por essas redondezas.



Figura 03. Av. Pedro Álvares Cabral perto da Ponte do Barreiro (Barreiro)
Fonte: Google Earth


Na Av. Pedro Álvares Cabral no bairro da Sacramenta foram 595 roubos (Polícia Militar, 2010). Essa área é famosa pelos roubos, principalmente nas proximidades da Ponte do Barreiro que na verdade fica na Sacramenta, na Ponte do Galo (Divisa entre Telégrafo/Sacramenta e Pedreira) e na Pass. Mirandinha (Sacramenta/Barreiro). Admitimos os pontos em destaque como os mais propensos aos roubos, por informações repassados por familiares, amigos, amigos de amigos, colegas e reportagens nos jornais. 

Nessa localidade há "bocas de fumo" (Áreas ou casas com manipulação de drogas ilícitas) em alguns becos e passagens estreitas com difícil acesso da polícia, o que vem justificando a frequência desse delito para a aquisição de drogas ilícitas nas mesmas.


Figura 04. Avenida Bernado Sayão no Jurunas
Fonte: Google Earth


Na Av. Bernado Sayão no bairro do Jurunas foram 573 roubos (Polícia Militar, 2010). Apesar de ser uma avenida, é muito estreita com intensa circulação de pedestres e automóveis em geral. Destacamos o cruzamento com a Rua Osvaldo de Caldas Brito e a Rua dos Mundurucus como os principais pontos suscetíveis ao delito. 

Há conglomerados de ocupações espontâneas, conhecidas aqui como "baixadas" e "invasões", com vias secundárias estreitas e com precárias condições de infraestrutura básica, onde também há "bocas de fumo" (Áreas ou casas com manipulação de drogas ilícitas), contribuindo para a manutenção do tráfico de drogas nessa área e propiciando o roubo por usuários.


Figura 05. Av. Perimetral na Terra Firme
Fonte: Google Earth


Na Av. Perimetral no bairro da Terra Firme foram 313 roubos (Polícia Militar, 2010). A principal avenida da Terra Firme fica nas proximidades de vias e becos estreitos, onde historicamente é residência de populações com baixo poder aquisitivo, geralmente oriundos do interior do Estado do Pará e da Região Nordeste do Brasil, onde há precariedade de infraestruturas básicas (Abastecimento e distribuição de água potável; Acesso ao saneamento básico e fornecimento de energia elétrica). As características socioeconômicas da maioria dos moradores e geográficas do bairro contribuiu para o alojamento de pequenos e médios grupos de traficantes que disputam alguns pontos de comercialização de drogas, o que pode justificar a frequência de roubo nos pontos em destaque por usuários.

Com base nesses dados, foi elaborado um mapa no Google Earth Pro versão 2015, para espacializar todos os pontos com maiores ocorrências de roubo na cidade, como está abaixo: 


Mapa 01. Os pontos com maiores casos de roubo registrados em Belém no ano de 2010
Fonte das informações: O Diário do Pará com base nos dados da Polícia Militar 2010
Elaboração: Luiz Henrique Almeida Gusmão - Blog Geografia e Cartografia Digital de Belém


5. REFERÊNCIAS.

Constituição Federal. Art 157. Inciso I. Roubo. Disponível em http:<<www.jusbrasil.com.br>>

O Diário do Pará. Dossiê Belém: 783 assassinatos em 11 meses. Polícia Militar 2010 http<<diariodopara.diarioonline.com.br. Belém. 2010>>


Software Google Earth. Disponível em http://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/.



WAISELFISZ, J.J. Mapa da violência 2012: crianças e adolescentes do Brasil. 1a Edição. Rio de Janeiro. 2012. CEBELA. 


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Belém - Cartografia das Denúncias contra a Poluição Sonora




Luiz Henrique Almeida Gusmão
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
Mapas em Geral, Treinamentos,
Banco de dados, SHPs e Kmls
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1. INTRODUÇÃO

A poluição sonora, nas últimas décadas, passou a compor mais um dos vários problemas nas cidades, principalmente nas grandes e médias, trazendo como consequência, problemas para a saúde pública e atingindo diretamente a qualidade de vida da população. A cidade de Belém é uma metrópole da Amazônia Oriental com 1.393.399 de habitantes (IBGE, 2010) que também enfrenta diariamente esse empecilho, através da emissão excessiva de ruídos oriundos de residências, bares, festas, sons automotivos, vias públicas, entre outras fontes emissoras de sons acima dos decibéis recomendados. Dentro desse contexto, esta postagem tem o objetivo de espacializar as denúncias  de poluição sonora nos bairros, registradas pela DEMA (Divisão Especializada do Meio Ambiente) da Polícia Civil, além de revelar outras variáveis importantes sobre o DISQUE-SILÊNCIO na cidade.

Palavras-chave: Belém. Poluição sonora. Bairros. Denúncias. Geografia da saúde.



2. MATERIAIS E MÉTODOS


Na tentativa de atingir os objetivos propostos pela postagem, foram utilizadas informações da DEMA (Divisão Especializada do Meio Ambiente) da Polícia Civil de Belém sobre a procedência total das denúncias do serviço DISQUE-SILÊNCIO  nos bairros para o ano de 2010, assim como no tratamento estatístico para obter informações como: Concentração das denúncias em Belém (% Denúncias dos bairros/Denúncias de Belém) e a intensidade de denúncias contra poluição sonora nos bairros. Na confecção dos mapas temáticos foi utilizado o software ArcGis com o método círculos proporcionais e coroplético.


3. DESENVOLVIMENTO
3.1 A contextualização da poluição sonora nas cidades

A vida na área urbana, mais do que os fluxos de pessoas e automóveis, apresenta um movimento de ruídos como sinônimo de som não desejado (MARCHETTI, M. et. al. 2011). Nas cidades, os sons vêm se transformando em fontes de poluição sonora, advindos de locais como residências, bares, restaurantes, boates, festas de aparelhagem, academias, automóveis, academias, igrejas, feiras, vias públicas, entre outros. 

As vezes nós mesmos procuramos os ruídos, como no excesso do volume nos aparelhos de mp3, mp4, telefones celulares, televisores e microsystems, por exemplo, em que na maioria das vezes não reconhecemos o "som aceitável" sendo convertido em "ruído excessivo", porque fomos habituados ao barulho.

Um estudo realizado em Londrina (PR) pela UFPR, revelou que o trânsito, os vizinhos, as sirenes, os animais e as construções civis são os principais motivos de reclamação por barulho na cidade. Segundo Calixto  e Rodrigues 2004 apud MARCHETTI, M. et. al. 2011), em Goiânia (GO), o barulho do trânsito é o que mais incomoda os moradores, seguido pelo volume intenso de som, telefone, conversas em voz alta, eletrodomésticos, animais e aviões. 


Segundo o Supremo Tribunal de Justiça do Brasil (2013), a poluição sonora só acontece, quando num determinado ambiente, o som altera a condição normal da audição, constituindo-se como um crime ambiental pela lei 9.605/98. Pensando em melhorar a qualidade de vida nos grandes centros urbanos, leis de silêncio foram criadas para combater a poluição sonora, estando proibido por exemplo, a emissão de som acima dos 60 (db) a partir das 22h nas residências.


A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2013) considera que o som deve ficar em até 55 decibéis (db) para não causar prejuízos ao ser humano, em que o som muito acima dessa medida pode causar efeitos negativos e até irreversíveis, como:


1. Insônia
2. Estresse
3. Depressão
4. Perda de audição
5. Agressividade
6. Perda de atenção, concentração e/ou memória 
7. Cansaço
8. Aumento da pressão arterial
9. Queda de rendimento escolar e de produtividade no trabalho
10. Surdez





Fonte: www.ambientelegal.com.br


A poluição sonora atrapalha diferentes atividades humanas, independentemente dos níveis sonoros serem potencialmente agressores aos ouvidos, podendo interferir significativamente o sistema nervoso e cardiovascular, quando a exposição é acentuada e prolongada. (Programa Nacional contra a Poluição Sonora, 2013)


3.2 A poluição sonora em Belém

A Polícia Civil do Estado do Pará, através da Divisão Especializada em Meio Ambiente (DEMA) dispõe do serviço DISQUE-SILÊNCIO, atuando no atendimento das denúncias de poluição sonora durante as 24 horas pelos números 9987-9712; 3238-3132 e 3238-1225. Esse serviço é realizado em toda a Região Metropolitana de Belém, se estendendo nos feriados prolongados e nas férias, para Outeiro, Mosqueiro e Salinópolis (DEMA, 2010).


Os meses de janeiro, março e setembro registraram o maior número de ocorrências, enquanto julho e agosto os menores, devido a saída de milhares de belenenses aos balneários e cidades do interior do estado. 

Das denúncias registradas pelo serviço, apenas 1/3 foram atendidas, enquanto 2/3 não foram não foram atendidas, causando indignação por parte da população prejudicada pelo excesso de som na cidade, ao mesmo tempo mostra a péssima qualidade do serviço prestado, pois a maioria dos casos são ignorados conforme o gráfico abaixo.




Fonte: Adaptado de DEMA (2010)


A maioria das denúncias na Região Metropolitana de Belém, assim como na maior parte das cidades, foi durante o final de semana, sendo domingo o dia da semana com maiores ocorrências, seguido do sábado e sexta (DEMA, 2010). É justamente nesses dias que os bares funcionam até mais tarde; as festas nas boates, de aparelhagem e nas residências excedem no barulho; os sons automotivos aparecem com mais frequência em frente as boates, pontos turísticos, residências, bares e nas vias públicas, mas como está essa "distribuição do barulho" nos bairros de Belém

Quais os bairros mais e os menos barulhentos? Quais bairros concentram essas denúncias? De qual lugar os denunciantes mais reclamam de barulho? Qual a intensidade de denúncia contra a poluição sonora nos bairros? Essas são algumas perguntas que vou tentar responder.


Mapa 01. Belém/PA - Distribuição das denúncias contra poluição sonora nos bairros em 2010

Fonte: Autoria própria (2018)

Segundo o mapa acima, a distribuição das denúncias contra a poluição sonora está bem distribuída, sendo maior nos bairros que circundam o centro da cidade e alguns mais afastados, no qual os que mais registraram ocorrências contra o excesso de barulho foram: Coqueiro (561), Pedreira (533), Distrito de Icoaraci (511), Marambaia (433), Jurunas (384), Marco (374) e Guamá (315) (DEMA, 2010, grifo nosso), sendo portanto, considerados os mais barulhentos em termos absolutos. 

Percebe-se claramente que são bairros afastados do centro. Todos são densamente povoados e bastante populosos, justificando o elevado número de ocorrências. Ainda de acordo com o mapa, os únicos que não foi registrado nenhuma ocorrência foram: Miramar, Universitário e São Clemente, por serem poucos densamente povoados. 

Entre os que tiveram menores ocorrências foram: Aurá (15), Val-de-Cans (30), Barreiro (36), Campina (40), Reduto (51), Batista Campos (52) e Souza (57) (DEMA, 2010, grifo nosso). A maioria tem menos de 50 habitantes por hectare (Baixa densidade de moradores). Alguns são bastante verticalizados como Batista Campos, Reduto e Campina, no qual uma parcela significativa da população está de acordo com o regimento interno dos edifícios contra o excesso de barulho.

Então, quais são os bairros e/ou distritos da cidade que concentram as ocorrências de excesso de barulho ou melhor, reclamações por barulho? Na lista estão: Coqueiro (8,57%), Pedreira (8,14%), Icoaraci (7,81%), Marambaia (6,61%), Jurunas (5,87%), Marco (5,71%) e Guamá (4,18%), ou seja, 6 bairros e 1 distrito de Belém são responsáveis por 46,9% das denúncias contra poluição em Belém (DEMA, 2010, grifo nosso). 




São nesses bairros e em Icoaraci aonde a fiscalização deve ser mais atuante, de forma a prevenir transtornos para a população, assim como deve haver um bom senso daqueles que querem se divertir, mas ao mesmo tempo não incomodar os vizinhos.


Os bairros e distritos mais barulhentos de Belém são: Icoaraci, Coqueiro, Marambaia e Pedreira, onde as denúncias são constantes e muito altas, todos com mais de 6% de participação das denúncias na cidade e localizados na periferia da cidade.

Em seguida, vem Guamá, Jurunas, Marco e Sacramenta aonde é considerado alto, entre 4,4% a 5,7% de participação das denúncias em Belém.

Ademais, na categoria razoável vem: Terra Firme, Canudos, Cremação, Telégrafo, Umarizal, Bengui, Parque Verde, Águas Lindas e Tapanã, entre 2% a 3,5% de participação das denúncias na cidade.




Já entre os mais sileciosos, a ordem dos bairros é a seguinte: Nazaré, Condor, São Brás, Fátima, Cidade Velha, Maracangalha, Mangueirão, Pratinha, Curió-Utinga, Guanabara, Aurá, Castanheira, Una, Cabanagem, Distrito de Outeiro, Tenoné e Souza, todos com números de denúncias considerado baixo.

Por último, com pouquíssimas denúncias ou nenhuma vem os bairros centrais: Batista Campos, Campina, Reduto; Entorno do centro: Barreiro; Distantes do centro: Val-de-Cans e Miramar. 

A vulnerabilidade ao desenvolvimento de insônia, estresse, depressão decorrente do som, perda de audição, de concentração, memória, queda no rendimento escolar ou no trabalho é maior naqueles bairros que possuem altos índices de poluição sonora.

Nesse caso, a poluição sonora tende a ser mais elevada onde a densidade demográfica é alta, associada com a baixa arborização, o que facilita a propagação do som com maior facilidade em todas as direções, aumentando o número de denúncias. O bairro da Pedreira mostrado abaixo é um dos locais com maior número de denúncias em Belém.


Fonte: Google Earth Pro (2015)


A baixa densidade demográfica e a abundância de áreas verdes podem ser indicadores que auxiliem a redução da poluição sonora e de denúncias contra esse tipo de crime, como podemos verificar no bairro São Clemente com nenhuma reclamação, onde predomina baixa densidade demográfica e grande áreas verdes.


Fonte: Google Earth Pro (2015)


Quais são as principais fontes emissoras do excesso na RMB? ou melhor, de qual lugar as pessoas mais reclamam do barulho?. Segundo o DEMA (2010), os denunciantes reclamavam mais das residências (40,45%), bares (20,91%), veículos (10,69%), templos (4,10%) e via pública (3,46%). 

É evidente que de acordo com o horário e com o bairro, vai haver a predominância de certo estabelecimento, como os bares, veículos e residências a partir das 8 horas da noite ou de templos em horário de reuniões, por exemplo. O importante é identificar o local e o horário para minimizar a "agressão aos ouvidos".




4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A incidência de poluição sonora é considerada muito alta  no Norte de Belém (Icoaraci e Coqueiro) e Centro-Leste (Marambaia e Pedreira), devendo ser evitada através da conscientização, pois são os moradores da cidade que provocam os ruídos. A poluição sonora é consideravelmente baixa nos bairros centrais e nobres, assim como em alguns da periferia leste, em razão de muitas estarem adaptados ou pelo baixo número de denúncias. Os órgãos da cidade também devem utilizar atividades educativas para conscientizar as pessoas dos prejuízos causados pela poluição sonora, atuando no sentido de prevenir este problema e multar os proprietários dos locais e as pessoas que não cumpram essas leis.





5. REFERÊNCIAS


DEMA. (Divisão especializada em Meio Ambiente). Relatório Estatístico 2010. Belém. Disque Silêncio. Relatório Anual 2010. Disponível em <<http://dema.policiacivil.pa.gov.br/sites/default/files/RELAT%C3%93RIO__DISQUE_SILENCIO_2010.PDF>>

MARCHETTI, M; CARVALHO, M. Ruídos na cidade de Londrina, PR. Brasil. Revista espaço geográfico em análise. Londrina, UFPR. 31 p.


SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Disponível em http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp



















































quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Análise da presença de praças em Belém/PA



Luiz Henrique Almeida Gusmão
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
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1. INTRODUÇÃO

Esta postagem tem o propósito de realizar breve análise espacial da presença de praças no município de Belém (parte continental), assim como discutir a importância desses espaços como pontos de práticas sociais, manifestações culturais e esportivos, assim como de convívio social. O principal objetivo proposto é representar e analisar a presença de praças nos bairros de Belém (parte continental).




2. MATERIAIS E MÉTODOS  

A partir dos dados do IMAZON (2006) foram realizados mapas temáticos que destacam a proporção de praças por habitante nos bairros de Belém. Além disso, destacou-se praças importantes de Belém e as principais do bairro da Campina. Todas as figuras foram confeccionadas com o software Philcarto através do método coroplético e corocromático.


3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Definições do conceito de praça

A praça é o lugar intencional do encontro, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária (MENDONÇA, E. apud LAMAS, 2000). Esse espaço é recordado por muitos como ponto de encontro da infância, onde brincava-se com os balanços, gangorras, escorregadores, patinetes, bicicletas, patins, skates, entre outros, enquanto na adolescência, era lugar de ponto de namoro ou de encontro com os amigos após a escola.

Na fase adulta, é lembrando como espaço em que se levam os filhos, sobrinhos e primos para passear, brincar e comer; ponto de manifestações culturais como o Arrastão do Pavulagem, de manifestações políticas como o Passe Livre, "Brasil sem corrupção", Movimento LGBT; da prática de atividades físicas, entre outros. Enfim, todos nós temos recordações de algum modo desse espaço que fez ou faz parte da nossa vida.

Conforme o IMAZON (2007), as cidades mais aprazíveis são aquelas que reservam amplos espaços do seu território para as praças. Isso porque as praças têm um papel essencial nos centros urbanos ao proporcionar lazer, espaço para atividades culturais e esportivas, e oportunidades para o sossego e contemplação.

Segundo (MENDONÇA, E. apud CASSETI, A. 1995), a praça é considerada desde sempre, como âmbito da visibilidade, onde aparecer significa existir na qualidade de ator social. Em Belém, na "época áurea da borracha na Amazônia", era espaço por onde as elites desfilavam com trajes finos "la francesa". 

Hoje é considerado como espaço das multiterritorialidades, onde de acordo com o horário e o dia, os sujeitos sociais são diferenciados, como famílias; "Tribos urbanas" como "rockeiros", "reggaeiros", "metaleiros", mendigos, feirantes, ambulantes, entre outros. Muitas vezes, há uma coexistência entre esses sujeitos sociais, dependendo muitas vezes da praça. 



Figura 1. Visão da Praça da República a partir do coreto
Fonte: Google Maps (2017)

Nesse sentido, a praça pode ser definida, de maneira ampla, como qualquer espaço público urbano, livre de edificações, que propicie convivência e/ou recreação para os seus usuários (MENDONÇA, E. apud VIERO, 2009).

As praças são espaços livres, haja vista, nos dias de hoje serem vista pela maioria da sociedade como espaços abandonados, de mendicância, ponto de drogas e até mesmo de prostituição (MENDONÇA apud CHIES, 2000). 

Em Belém, as praças localizadas no centro da cidade em sua maioria tem manutenção razoável e esporádica, principalmente a Praça da República, Batista Campos, Frei Caetano Brandão, Praça D. Pedro II, Felipe Patroni, Brasil, no qual muitas vezes só são "cuidadas" após reclamações constantes pelos meios de comunicação ou por agentes comunitários. 

No entanto, muitos bairros da cidade não têm praça e são aqueles, em sua maioria, periféricos e pobres da cidade, no qual as famílias têm que se deslocar até o centro da cidade para usufruir de um espaço público igual a esse.


3.2 A situação das praças na Belém Continental

Em 2004, Belém possuía 47 bairros com praças e 24 sem praças, porém a qualidade das áreas verdes nessas praças é considerada ruim, pois apenas 34% se mantêm conservados, possuindo ainda 49% de espaços sem jardinagem, 5% sem áreas verdes e 12% abandonadas (IMAZON, 2004). 

Quanto aos equipamentos como bancos, coretos, brinquedos, postes, gramado, etc, a pesquisa constata que quase a metade deles (48%) está depredada ou inutilizada (38%) (IMAZON, 2004). 

Para o IMAZON (2004), a péssima condição das praças em Belém e na Região Metropolitana de Belém é reflexo do crescimento urbano desordenado, que invade as áreas verdes, diminuindo a qualidade de vida da população. Nesse caso, destaca-se também a falta de planejamento público no setor de áreas verdes e recreação nos bairros pela Prefeitura de Belém, assim como a demora na manutenção das existentes.

As praças significam dar à população um espaço para lazer e prática esportiva, o que resulta em uma diminuição da violência e melhoria na saúde. (IMAZON, 2004). As praças não cuidadas são lugares propícios a prática do consumo de drogas, de pequenos delitos e outros crimes, como visto em algumas da capital paraense, assim como em outras cidades do Brasil.


Figura 2. Visão parcial da Pça. Batista Campos
Fonte: Google Maps (2017)


Conforme a figura abaixo, os bairros com melhor disponibilidade de praça por habitante são: Campina, Cidade Velha e Souza. Nos bairros centrais, as praças remontam o período da Belle Epoque, onde vários espaços públicos arborizados foram feitos para amenizar o calor e embelezar a cidade. Nesses bairros estão as mais praças mais frequentadas e tradicionais de Belém como República, Sereia, Waldermar Henrique e Bandeira. 



Figura 1. Belém Continental - Área de praça em m2 por habitante nos bairros em 2006 pelo Philcarto
* Autorizo a utilização e a reprodução desde que a fonte seja citada e nenhum elemento modificado
Fonte: Luiz Henrique Almeida Gusmão (2013)


Ainda conforme a figura, outros bairros que se destacam estão na porção oeste de Belém: Val-de-Cans, Maracangalha e Miramar, onde a ocupação é mais recente e muitas praças foram planejadas, sendo alguns dos bairros mais arborizados da cidade. 

De forma isolado, destacam-se: Souza e Coqueiro. São bairros com menor densidade demográfica, onde ainda é possível ver alguns resquícios de praças arborizadas.

Por outro lado, percebe-se que a maioria dos bairros de Belém tinha até 1 m² de praça por habitante, sendo aqueles com maior adensamento populacional. Muitos desses bairros são os mais pobres e periféricos, com algumas exceções.

Já aqueles sem praças, destacam-se muitos bairros de Icoaraci, Barreiro e outros na borda leste da cidade, quase no município de Ananindeua.


Muitas vezes, a praça é um dos únicos locais de lazer de famílias mais pobres, no qual a sua ausência é mais sentida nos bairros periféricos da cidade do que os centrais. A maioria está distante do centro, entre 4 e 30 km. Muitos deles tem poder aquisitivo inferior a 2 salários mínimos, com difícil acesso ao centro e poucas opções de lazer público neles.


A partir disso realizamos uma classificação dos bairros conforme a situação da área de praça por habitante, destacando hotspots para futura implantação. As categorias são: muito confortável, confortável, razoável, crítico e muito crítico.



Figura 02. Belém continental - Condição do bairro por área de praça (2006)
* Autorizo a utilização e a reprodução desde que a fonte seja citada e nenhum elemento modificado
Fonte: Luiz Henrique Almeida Gusmão (2013)


A figura acima revela que na maioria dos bairros de Belém a presença de praça é crítica, com poucos espaços desse tipo. No entanto, raros bairros se destacam com maior presença de praças como Campina, Cidade Velha e Souza. As figuras abaixo destacam os hotspot sem nenhuma praça.


# Área 1: Norte de Belém, especialmente em Icoaraci;
# Área 2: Bairro de Águas Lindas, Aurá e Castanheira;
# Área 3: Bairro da Cabanagem e Una
# Área 4: Bairro São Clemente 
# Área 5: Bairro do Barreiro. 

Figura 03. Bairros de Icoaraci
Fonte: Google Earth (2013)

Figura 04. Bairros da Guanabara, Águas Lindas e Aurá
Fonte: Google Earth (2013)


Figura 05. Bairros da Cabanagem e Una
Fonte: Google Earth (2013)


Figura 06. Bairro São Clemente
Fonte: Google Earth (2013)


Figura 07. Bairro do Barreiro
Fonte: Google Earth (2013)


Em outro extremo, cerca de 6 bairros estão em uma situação razoável: Batista Campos, Reduto, Val-de-Cans, Miramar, Maracangalha e Coqueiro. Já a Cidade Velha e o Souza gozam de uma situação confortável, enquanto o bairro da Campina está enquadrado em muito confortável, contrastando com a maioria dos bairros da cidade, como podemos ver abaixo:

Figura 08. Bairro da Campina
Fonte: Google Earth (2013)



Figura 09. Situação e quantidade dos bairros de Belém em relação a Área de Praça/Habitante (2006)
Fonte: IMAZON (2006)
Org. Luiz Henrique Almeida Gusmão

Cerca de 81% dos bairros de Belém está entre o crítico e o crônico, tornando-se muito preocupante. Entre 2006 a 2013, poucas praças foram reformadas, e construídas (Nos bairros centrais), porém tais informações não estão disponíveis ao público em geral. É claro que os índices em alguns bairros variaram, mas foi pouco significativo, já que tais bairros mostrados ainda permanecem sem suas áreas livres.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A distribuição das praças públicas em Belém é muito desigual, no qual poucos bairros centrais gozam de considerável espaço para a prática esportiva, cultural, contemplação da natureza e portanto, lazer, enquanto outros não têm este direito garantido, contribuindo no deslocamento de centenas de pessoas para as áreas centrais. Muitos bairros da cidade mal tem uma "pracinha" ou por causa da rápida ocupação espontânea ou pela supressão de possíveis espaços por avenidas, edifícios e outras construções. 


5. REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO, S. de L; BAHIA, M.C. A privatização do público: áreas verdes e espaços de lazer em Belém/Brasil. NAEA. UFPA. 2008. Disponível em <http://www.ufpa.br/naea/siteNaea35/anais/html/geraCapa/FINAL/GT11-89-1103-20081123135431.pdf>. Acesso em 09/11/2013.

MENDONÇA, E. M. de S. Apropriações do espaço público, alguns conceitos. UERJ. 2007. Disponível em <http://www.revispsi.uerj.br/v7n2/artigos/pdf/v7n2a13.pdf>. Acesso em 01/11/2013.

NETUNO, L, et. al. Belém Sustentável 2007. Belém. Instituto do Homem e do meio ambiente da Amazônia 2008. Disponível em <http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/bitstream/handle/123456789/3468/Livro_Belem-sustentavel-2007-IMAZON.pdf?sequence=1> Acesso em 10/11/2013. 

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Software Google Earth. Disponível em http:googleearth.com

WebGIS. Google maps. Disponível em http:googlemaps.com