segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Violência contra jovens por COR no Brasil



Luiz Henrique Almeida Gusmão
Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA)
Mapas em Geral, Treinamentos,
Banco de dados, SHPs e Kmls
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#Violência contra negros, pardos e brancos no Brasil

Segundo dados do IBGE (2017) referentes a taxa de homicídio de jovens entre 15 e 29 anos por cor, um jovem negro ou pardo possui quase 3 vezes mais chances de sofrer homicídio do que um jovem branco, como podemos ver no infrográfico abaixo:


Elaborador: LUIZ HENRIQUE ALMEIDA GUSMÃO
Fonte dos dados: IBGE (2017)
É PROIBIDO COPIAR PARTE OU TODO O MATERIAL SEM AUTORIZAÇÃO


Para compreender melhor o infográfico, a cada 100 mil jovens negros ou pardos, 98 foram mortos, e a cada 100 mil jovens brancos, 34 foram mortos. A diferença é enorme e destaca que as principais vítimas de homicídio no Brasil são pardos ou negros.

Há duas visões sobre a maior taxa de homicídio de pardo/negro. Para alguns, isso está relacionado ao racismo estrutural, cujas vítimas de homicídio morreriam apenas por serem negras ou pardas (IPEA, 2017).

Outra visão está relacionada ao fato de mais negros/pardos morrerem por causa do seu maior grau de vulnerabilidade social e condição socioeconômica predominantemente inferior à de brancos (IPEA, 2017). Sabemos que não há uma resposta para explicar a complexidade disto, porém é necessário mudar esse cenário de maior violência contra pessoas de cor negra e parda.

Para o IPEA (2017, p. 7): "[...] a condição de vulnerabilidade socioeconômica dos afrodescendentes, por sua vez, seria resultado de uma persistência na transmissão intergeracional de baixo capital humano, que segue até os dias de hoje, como consequência das condições iniciais de abandono, a que a população negra foi relegada logo após a abolição da escravatura".

Nesse sentido, acreditamos que a escravidão foi algo deplorável com cicatrizes profundas na sociedade brasileira e ainda marca a vida de milhões de pessoas. Essas marcas ainda dificultam o acesso à vários direitos básicos, especialmente naquelas localidades mais remotas e marginalizadas. No entanto, o racismo ainda é evidente na sociedade brasileira atual, até mesmo em cidades cujas taxas de escolarização e acesso à informação são altas, o que reflete forte preconceito e discriminação.

Muitos governos vêm tentando minimizar esse descompasso através de políticas de compensação, assim como alguns segmentos da sociedade, ao trazer maior representatividade do movimento negro/pardo. Muitos direitos e avanços foram conquistados, mas ainda estão no começo.

Embora o infográfico acima retrate apenas o ano de 2017, muitas estatísticas oficiais anteriores já evidenciavam taxas de homicídio de negros e pardos sempre maiores, com forte contraste em todas as unidades da federação do Brasil.

Você consegue acessar outros dados oficiais sobre violência racial, ou por cor, como preferimos chamar, aqui: Mapa da Violência - 2019.




#Referências

IPEA. Democracia Racial e Homicídios de Jovens Negros na Cidade Partida, 2017. Disponível em: IPEA - 2017.

IBGE, 2017. Disponível em: IBGE Notícias. 

5 comentários:

  1. O que não existe no Brasil, mas em outros países é o perfil de quem comete a violência.
    De acordo com o estudo "Mensurando o Tempo do Processo de Homicídio Doloso em Cinco Capitais" (2014), da pesquisadora da FGV Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro, os autores dos crimes tinham as mesmas características da maioria das vítimas: homens, negros e jovens.

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  2. Skidwasted, muito obrigado pelo seu comentário. Concordo com você. Para afirmar efetivamente que se mata por ser negro é necessário avaliar o autor do crime, no entanto sabemos que esses dados são raros e muitas investigações não são concluídas. Vou ler esse artigo que você está recomendado, parece ser bastante oportuno. Acredito que seja a fusão dessas duas justificativas, pois sabemos que boa parte da população negra/parda reside em áreas mais desfavoráveis do ponto de vista da infraestrutura e que também há forte preconceito. É uma discussão contemporânea que precisa de argumentos fortes para sustentar afirmações como essas.

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  3. Talvez não tenha me expressado bem. Quis dizer que a predominância de homicídios de negros e pardos se deve a situação socioeconômica mais desfavorável e ao preconceito também. Bom, o próprio IPEA afirma isso também e creio que seja verdade.

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